Atenção, o seu browser está desactualizado.
Para ter uma boa experiência de navegação recomendamos que utilize uma versão actualizada do Chrome, Firefox, Safari, Opera ou Internet Explorer.

"Um modelo de gestão assente no autoritarismo não conduz à otimização dos resultados operacionais"

3 Outubro 2016 in Liderança no Feminino

Iolanda Mouta Mendes é uma jovem talentosa Advogada. Em sociedade com Fátima Pereira Mouta fundou, em 2009, a Pereira Mouta Mendes & Associados, Sociedade de Advogados, RL. A área fiscal e tributária é aquela que mais tem marcado o seu percurso profissional, até porque, “num contexto de crise, aumenta a tensão entre o Estado e os Contribuintes, no que concerne à carga fiscal. Daí que tenha sentido a necessidade de aprofundar conhecimentos técnicos na área da fiscalidade”. Recentemente apostou também na sua formação em gestão. “Enquanto Sócia-Fundadora de uma Sociedade de Advogados, senti necessidade de assumir um papel de líder e adquirir conhecimentos de gestão”, afirmou em entrevista à Revista Pontos de Vista.

Apesar de ser ainda jovem, é Advogada e Sócia Fundadora da Sociedade de Advogados Pereira Mouta Mendes & Associados. Quais são os desa­fios que enfrenta uma jovem advogada?

A Advocacia é uma profissão desafiante, não só do ponto de vista intelectual, mas também do ponto de vista pessoal. Um advogado não pode limitar-se a ser tecnicamente bom, deve ser igualmente um líder carismático, inspirador, empreendedor e visionário, capaz de colocar a técnica jurídica ao serviço da Justiça. Ser Sócia­-Fundadora de uma Sociedade de Advogados é ter a possibilidade de edificar um projeto ímpar, que tem como objetivo a prestação de um serviço jurídico especializado e personalizado, de modo a ir ao encontro das necessidades específicas das pessoas e das empresas.

Enveredou no seu percurso pela área tributária. Porquê? Como é trabalhar nesta área num perío­do conjuntural de crise como aquele que Portugal tem vindo a viver nos últimos anos?

Num contexto de crise, aumenta a tensão entre o Estado e os Contribuintes, no que concerne à carga fiscal. Daí que tenha sentido a necessidade de aprofundar conhecimentos técnicos na área da fiscalidade. As empresas estão focadas na redução dos seus custos, incluindo os custos fiscais, atri­buindo prevalência a um adequado planeamento fiscal. Outras empresas viram o seu volume de faturação reduzir significativamente, de tal modo que deixaram de conseguir cumprir pontualmen­te as suas obrigações, incluindo as fiscais. Se a empresa é viável, apesar de se encontrar em situ­ação económica difícil, pode submeter-se a um processo especial de revitalização (PER) ou apresentar um plano de insolvência. Em ambos os casos, a Autoridade Tributária tem demonstrado uma postura inflexível no âmbito das negociações com os contribuintes, escudando-se na indisponibili­dade dos créditos tributários para inviabilizar a aprovação de planos de recuperação. Tal conduz inevitavelmente a empresa a uma situação de in­solvência, com a consequente liquidação do seu património, encerramento do estabelecimento e destruição dos postos de trabalho.

A formação constante está patente no seu CV. Re­centemente frequentou também uma formação em gestão de empresas, sentiu essa necessida­de enquanto Sócia Fundadora da Pereira Mouta Mendes & Associados? De que forma esta decisão será importante no futuro da Sociedade?

De facto, enquanto Sócia Fundadora de uma So­ciedade de Advogados, senti necessidade de assu­mir um papel de líder e adquirir conhecimentos de gestão. A formação em gestão permite-me intervir de forma eficaz no desenvolvimento da Sociedade, através da definição de objetivos e da colocação dos meios para os atingir. Esta formação é essencial ao futuro da Sociedade, já que pretendemos seguir uma via de crescimento, expansão e internacionalização.

Acha que homens e mulheres são diferentes na forma como gerem os negócios? Onde se eviden­ciam essas diferenças?

Penso que os homens tendem a ser mais lógicos, racionais e pragmáticos, ao passo que as mulheres são mais intuitivas, emocionais e altruístas. Nos últimos anos, proliferou a ideia de que um bom líder deve ser competitivo, autoritário e domi­nador, características que melhor se enquadram num perfil masculino. Contudo, provou-se que um modelo de gestão assente no autoritarismo não conduz à otimização dos resultados opera­cionais: a equipa não expressa livremente as suas opiniões, age cerceada pelo medo e cedo perde a motivação para melhorar a performance da em­presa. Atualmente exige-se que os líderes con­sigam realizar todo o potencial da sua equipa, incentivando-os a pensar criticamente e ajudan­do-os a alcançar os seus objetivos.

O que é para si liderança no feminino? O futuro passa por aqui?

Na minha opinião, a liderança no feminino sig­nifica uma alteração no paradigma dos modelos de gestão adotados nas organizações. O futuro das empresas depende essencialmente da sua capacidade de inovação. Ora, a inovação surge num cenário de liberdade criativa, partilha de informação e interdependência. Às competências tradicionais de gestão, tais como dirigir e con­trolar, juntam-se novas competências, como a ca­pacidade de relacionamento interpessoal, típicas de uma liderança feminina. Há quem fale num fenómeno de “feminização da gestão”, no sentido em que os chefes duros e intransigentes devem ser substituídos por executivos abertos, flexíveis e compreensivos. Neste sentido, penso que o futuro passa certamente por uma crescente presença fe­minina na gestão e liderança das empresas.